sexta-feira, 29 de julho de 2011

O valor do Sorriso


Senhor, não permita jamais que eu me esqueça de sorrir com o coração - e sorrir muito, todos os dias! Quando raiar o sol e meus olhos se abrirem para a vida, que o sorriso seja a meu primeiro louvor, agradecendo o novo dia que amanhece! Em meu lar, que seja ele o precursor da palavra serena e do diálogo amistoso, para que meus familiares, assim como eu, possam iniciar o seu dia entre as melhores vibrações de paz e bom ânimo! Sem a claridade do riso, tudo é mais triste, sombrio! Sem a bênção da alegria, os semblantes são frios e as palavras rudes, qual que imensa desolação envolvesse a todos, negando-lhes desenvoltura e euforia - acompanhantes obrigatórios das determinações felizes! Sorrir alivia o coração e desafoga a alma, recolocando harmonia e pacificação no lugar da irritação e do mau humor. Trazer a luz do sorriso no rosto é iluminar estradas e transeuntes, fazendo de seu portador um pequenino imã a atrair simpatia e cooperação... Aquele que sorri sinaliza o Bem, aonde quer que esteja. Abençoa-me hoje, Senhor, e faz de mim um foco de alegria a espargir o melhor aos meus companheiros de estrada, para que amanhã, quando eu estiver triste e desanimado, o sorriso que eu despertei-nos outros possa ser o remédio salutar que me trará de volta a vontade viver e lutar, porque o sorriso é assim como um raio de luz: embora pequeno transpasse todas as sombras, e onde toca sempre produz calor, alegria e refazimento.

Assim seja!

I was happy to be

[Clarice Lispector]
 No mais fino e doido do seu sentimento ela pensava: Vou ser Feliz!
70% do seu corpo é água. Então aproveita que você tá bem molhadinha e tenha mais tesão na vida.

[Tati Bernardi]
gabrielcezar:

É como se cada música tocasse a nossa história, os nossos sorrisos, as nossas brincadeira. Å
É como se cada música tocasse a nossa história, os nossos sorrisos, as nossas brincadeira.
Eu sou feita para o amor da cabeça aos pés, gosto de liberdade e brisa roçando no rosto, gosto de loucura e pouco juízo, sou uma mulher intensa e muito entregue quando quero, gosto de me aventurar, vivo um turbilhão de sensações sem medo das circunstâncias, afinal o medo nos limita, gosto de voz e sorriso, gosto de voar e sou impulsiva com o que sinto, gosto de romantismo e também de arrepio, gosto de sensibilidade a flor da pele e de reciclar minhas emoções e gosto muito mais de ser feliz, seja por segundos, horas ou até mesmo dias, pois meus momentos intensos foram curtos, mas o suficiente para eu me sentir uma mulher de várias faces, cheiros e sentimentos!

Natália Eleutério

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Hoje, quero passar dos limites da aparência e achar o que há de mais lindo no coração.


 CFA

sexta-feira, 22 de julho de 2011


' A gente carrega dentro do peito todos os sonhos do mundo. Isso é tão bonito, tão encantador, tão cheio de esperança. Acho que é isso: precisamos da esperança, precisamos acreditar naquela fagulha que fica lá dentro dando a entender que tudo vai clarear, clarear, clarear.


Clarissa Corrêa

Que a cada manhã a sua coragem acorde bem juntinho de você, sorria pra você, e o convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro.
Que tenha saúde no corpo, saúde na alma, saúde à beça.

Ana Jácomo

quinta-feira, 21 de julho de 2011

                                         
Aquilo que nos fere é aquilo que nos cura. A vida tem sido muito dura comigo, mas ao mesmo tempo tem me ensinado muita coisa.
Caio Fernando Abreu
Aquilo que nos fere é aquilo que nos cura. A vida tem sido muito dura comigo, mas ao mesmo tempo tem me ensinado muita coisa.



Caio Fernando Abreu

' Hoje de manhã eu acordei e fiquei olhando para tudo catatônica, um misto de susto com deslumbramento. Me dei conta de que essa é a pior e a melhor fase da minha vida. Eu nunca andei tão triste e nem tão feliz. Foi difícil enterrar tantos mortos e tantas rotinas, mas está sendo muito fácil viver dentro de mim.

Tati Bernardi

quarta-feira, 20 de julho de 2011


Sempre fui sentimental e nunca levei adiante relações em que não estivesse emocionalmente envolvida, e por mais que eu pareça ser durona, é apenas fachada. Só eu sei o quanto já sonhei em ser uma princesa resgatada da torre de um castelo.

Martha Medeiros

(...) Não posso mais emprestar mistério ao vazio, vida ao oco, esperança ao defunto, saliva ao seco. Não posso mais emprestar meus desejos para que pessoas se tornem desejáveis. E, finalmente, não posso mais inventar amor só para poder falar dele.





Tati Bernardi
Todos nós já ouvimos os provérbios, os filósofos, os nossos avós nos falando para não perdermos tempo, aqueles poetas chatos clamando para gente “aproveitar o dia”. Ainda assim, às vezes a gente tem que pagar para ver. Temos que cometer nossos próprios erros. Temos que aprender nossas próprias lições. Temos que varrer as possibilidades do hoje pra baixo do tapete do amanhã até não podermos mais, até que a gente compreenda por si só o que Benjamin Franklin quis dizer. Que o saber é melhor que o ponderar, que o despertar é melhor que o sonhar. E que mesmo a maior falha, mesmo o pior erro possível, é melhor do que nunca tentar nada.

' Seempre!

dia-do-amigo
Feliz dia do amigo pra todos!

terça-feira, 19 de julho de 2011


E se for?
“Me traz você, por favor. Me traz e leva embora todas essas coisas chatas que só servem para ocupar minhas horas enquanto você não chega.”
[ Tati Bernardi ]

' O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.
 (Rubem Alves)

Tudo passa, o que queremos e o que não queremos que passe, a tristeza e o alívio coabitam no espaço desta certeza. Eu não tenho muitas respostas. O que eu tenho é fé. A lembrança de que as perguntas mudam. Um modo de acreditar que os tiquinhos de sol possam sorrir o suficiente para desarmar a sisudez nublada de alguns céus. E uma vontade bonita, toda minha, de crescer”
Ana jácomo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Me pego muitas vezes questionando algumas coisas, mas sempre enxergo uma razão para tudo.
Se não foi, é porque não era pra ser. E se não era pra ser, é porque de repente o sofrimento seria ainda maior.
Algumas coisas nas nossas vidas acontecem por nossa permissão. Sim... é triste, mas somos as responsáveis por isso. Deixamos, permitimos, e sofremos feito TOLAS...
Sem perceber vamos permitindo, permitindo e de repente... estamos diante de algo que nos machuca, nos deixa triste, e cabe a nós a desconstrução daquilo que contruímos, em cima daquela pessoa... sabe o que eu imagino????
É como se fosse aquele castelinho de areia lá de copacabana que de repente, bate um vento e desmorona, você quase não acredita, mas é verdade!
Cai tudo!!!
Isso mesmo... é o famoso: MEU MUNDO CAIU!!!
Bate aquela intuição feminina, que a minha é daquelas!!! Que nunca me engana... começo a entender, a juntar as peças, como se eu estivesse montando um quebra-cabeças, e como inteligente que sou! Desvendo o mistério!!! Tipo invado mil países, como se estivesse jogando War... é... é isso mesmo! Descubro coisas! Quase tenho uma bola de cristal!!!
Preciso ver direitinho... me empresta uma lupa??? Não, você descobre que nem precisa de lupa! quase que você não acredita no que vê, aquilo está bem debaixo dos seus olhos, você decepciona e pensa... poxa, como pude ser tão IDIOTA, a ponto de acreditar nos contos da carochinha???
Aí você coloca os pés no chão, e começar a andar de cabeça erguida e começa a enxergar algo mais além daquilo que estava visualizando...
Isso sim dói. Imaginamos, sonhamos, e de repente nada do script sai conforme queríamos, mas a vida é assim, como se fosse uma peça de teatro, onde muitas vezes precisamos de improvisos, porque nada é como ensaiamos.
E aí esse jogo de cintura para lidar com o inesperado é que vem me deixando cada dia mais forte!
Posso dizer que a vida dá voltas... sim... ela dá voltas! Isso é comprovado!!! As voltas que a vida dá!
Mas aí a sintonia não será a mesma, as sensações já serão outras, os desejos serão diferentes, e tudo ficará perdido no tempo...
O tempo... o tempo se encarrega de tudo!
Ele tira o incurável do centro das atenções.

Que seja bom o que vier, para você, para mim.

Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, uma alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci pra viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar. Por isso, não me venha com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – pra sair ainda bem melhor do outro lado de lá.


sexta-feira, 15 de julho de 2011



“E tem momentos que eu paro e penso…tento entender essa vida louca que a gente tem, cheia de surpresas, pessoas, momentos….fico lembrando de coisas que já vivi e que deixaram aquela saudade, aquele gostinho de quero mais dentro de mim, e tentando encontrar razões para ter acabado. Momentos tão únicos e insubstituíveis, se tornam tão inesquecíveis que chego a pensar “Será que viverei algo assim novamente?”. Eu sei que sim, mesmo querendo o não. Mesmo torcendo para que aquele dia em especial, volte e se repita, e se multiplique, fazendo com que eu viva tudo denovo, todos os dias, sem ter que acabar. A resposta, mesmo sendo sim, mas com algumas mudanças, me dá medo, receio, dúvidas, fazendo surgir outras inúmeras perguntas. Porque não pode ser com você? As pessoas adoram dizer “Você conhecerá muitas outras pessoas!”, para tentar diminuir esse vazio dentro da gente quando sentimos saudade. Mas, e se essa outra pessoa não for como ele? Você fica tão insegura nesse escuro que é a vida, nessa “brincadeira” de adulto, que surgem tantas perguntas. E se ele não me abraçar daquele jeito? E se ele não conseguir me fazer rir tão naturalmente? E se ele não gostar do meu cabelo bagunçado? São tantos “E se…”, que se torna impossível enumerar. Você se pega pensando e inventando histórias e situações na sua cabeça, sua imaginação sem limites, faz com que você viaje e se desligue do mundo por uns momentos. Você ouve aquela música especial, que te faz chorar, e continua sem entender o porquê a vida, de tão simples, se torna complicada. E deseja, lá no fundo, que se não for ele a pessoa certa, que outro apareça, e te faça sentir tudo aquilo denovo, em dobro, e que faça ser pra sempre!”
A espera eterna de mim mesma na versão que faz dar certo.




Tati Bernardi
We heart it

“E eles foram felizes para sempre”. É assim que as histórias bonitas terminam (ou começam?). Não basta estar junto, não adianta viver o hoje, um dia de cada vez não é o suficiente. A gente quer que dure para sempre. Tem que durar, senão não tem graça. Tem que durar, senão a gente fracassou. Tem que durar, senão não valeu a pena.
Sou mulher, acredito em final feliz. Desculpa, eu acredito. Mas quer saber? Não quero viver no sonho, quero um amor real, não um amor de cinema. Porque no cinema tudo é retocado. É a vida real que mostra você e ele acordando com o cabelo bagunçado, bafo matinal, baba no travesseiro, rímel borrado, humor revirado, contas empilhadas, lençol amassado, roupas espalhadas num canto qualquer.
Amar é aceitar a parte fora do lugar do outro. O lado obscuro, sujo, quase cruel. Porque ninguém é santo, puro e limpo o tempo inteiro. Nunca quis que as coisas fossem perfeitas, pois o que é perfeito não tem cheiro de real.
A gente vive buscando garantias. Queremos que dê certo, queremos fazer dar certo, lutamos para colocar tudo nos trilhos, nos eixos. Mas a vida segue seu ritmo. Os sentimentos têm seus próprios passos de dança. E de vez em quando somos obrigadas a ensaiar um novo passo.
Nem sempre dura. Nem sempre é eterno. Nem sempre é como um sonho bom. E precisamos lidar com isso. Nem que seja na marra. Nem que tenha que engolir o choro e de vez em quando forçar um ou outro sorriso. Nem que a gente tenha que fingir que está tudo bem.
Eu gostava muito de você. Era tão bonito, era tão intenso. Acreditava no pra sempre. Imaginei uma casa, uma família, uma coisa só nossa. Um esconderijo, um refúgio, um paraíso. Cada vez que eu pensava em você me dava um calorzinho no peito. Cada vez que abraçava você o mundo parava de rodar por um segundo. E eu achava que aquilo era amor, achava que aquilo era o certo, achava que a gente era certo um na vida do outro. Mas não foi. Não fui. Não fomos. Não somos.
Você foi para um lado. Eu para o outro. Não chegamos nem perto do sempre. Mas teve graça e valeu muito a pena. Valeu, sim. Não fracassamos, claro que não. Deu certo até onde tinha que dar. Foi eterno até o dia que deixou de ser. Não ficou nenhuma mágoa, nenhuma vontade, nenhuma saudade.
O que importa é a forma como a gente viveu e vive um sentimento. Não importa que nome ele tenha. Não importa se é um amor, um estar apaixonado, um gostar. O que importa é querer que aconteça. O que importa é querer que seja bom. Não importa se vai durar um dia ou uma vida inteira.

quinta-feira, 14 de julho de 2011


Eu me apaixono mesmo, eu sou intensa mesmo, eu me ferro mesmo, às vezes eu ferro as pessoas mesmo. Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque até hoje me dou conta de coisas minhas que já não estão mais lá e, quem roubou, eu jamais vou saber. O sorriso mudou e a vontade de sorrir pra qualquer pessoa também, graças a Deus. Foi por sorrir tanto de graça que eu paguei tão caro por todas as coisas que me aconteceram.
Às vezes me pego olhando ao meu redor e vendo tanta menina parecida comigo. Tanto sentimento gritando de bocas caladas e escorrendo de peles secas. Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica. E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste. Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo. Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz.
Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queria muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer.
Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar

terça-feira, 12 de julho de 2011

Estou tendo meus dias, um melhor que o outro. Cada dia que passa estou gostando mais de mim. É hora de se cuidar, para viver mil vezes mais.

domingo, 10 de julho de 2011

Quando menos se merece

Foto de Regina Bentes

Ana Jácomo

No corredor da minha casa há um quadro de metal onde exibo, mais para os meus olhos do que para os alheios, fotos, textos, bilhetes, cartões, pequenas doses de doçura, capazes de me fazer lembrar de pessoas e coisas bem preciosas para mim. Às vezes passo semanas seguidas sem incluir ou excluir peça alguma e sequer pousar os olhos nelas, mas, quando algum fato estreita o meu coração em lugar pouco arejado, eu costumo caminhar até lá para me nutrir com os recados que geralmente me ajudam a respirar um pouco mais macio.

Entre as relíquias, existe um cartão que comprei há muito tempo e que diz uma das frases mais interessantes com as quais já tive contato, identificada como um provérbio sueco. A primeira vez que li essas palavras, arrepiei literalmente, a pele é o lado de fora do sentimento, já arrisquei em outro texto. Parada na papelaria, sorri para aquele pedaço de papel na minha mão, admirada por um texto tão curto revelar uma verdade tão grande.

Procure me amar quando eu menos merecer,
porque é quando eu mais preciso.


Falamos e ouvimos à beça sobre o amor desde pequenininhos, já sabedores ou não do que se trata ou minimamente da vizinhança disso. E, apesar das nossas singularidades, costumamos ter pelo menos um desejo comum: queremos amar e ser amados. Amados, de preferência, com o requinte terno da incondicionalidade. Na celebração das nossas conquistas e na constatação dos insucessos. No apogeu do nosso vigor e no tempo do nosso encolhimento. Na vez da nossa alegria e no alvorecer da nossa dor. Na prática das nossas virtudes e no embaraço das nossas falhas. Mas não é preciso viver muito para percebermos que não é assim que o amor, na prática, costuma acontecer.

Temos facilidade para amar o outro nos seus tempos de harmonia. Quando realiza. Quando progride. Quando sua vida está organizada e seu coração está contente. Quando não há inabilidade alguma na nossa relação. Quando ele não nos desconcerta. Quando não denuncia a nossa própria limitação. A nossa própria confusão. A nossa própria dor. Fácil amar o outro aparentemente pronto. Aparentemente inteiro. Aparentemente estável. Que quando sofre, para não incomodar, por costume ou vaidade, não faz ruído algum.

Fácil amar aqueles que parecem ter criado, ao longo da vida, um tipo de máscara que lhes permite ter a mesma cara quando o time ganha e quando o cachorro morre. Fácil amar quem não demonstra experimentar aqueles sentimentos que parecem politicamente incorretos nos outros e absolutamente justificáveis em nós. Fácil amar quando somos ouvidos mais do que nos permitimos ouvir. Fácil amar aqueles que vivem noites terríveis, mas na manhã seguinte se apresentam sem olheiras, a maquiagem perfeita, a barba atualizada.

É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado. Nos cafés, após o cinema, quando se pode filosofar sobre o enredo e as personagens com fluência, um bom cappucino e pão de queijo quentinho. Nos corredores dos shoppings, quando se divide os novos sonhos de consumo, imediato ou futuro. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nos encontros erotizados, nas festas agendadas no calendário do de vez em quando.

Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. Quando até a própria alma parece haver se retirado.

Difícil é amar quando já não encontramos motivos que justifiquem o nosso amor, acostumados que estamos a achar que o amor precisa estar sempre acompanhado de explicação plausível, estatísticas promissoras, balancetes satisfatórios. Difícil amar quando momentaneamente parece existir somente apesar de. Quando a dor do outro é tão intensa que a gente não sabe o que fazer para ajudar. Quando a sombra se revela e a noite se apresenta muito longa. Quando o frio é tão medonho que nem os prazeres mais legítimos oferecem algum calor. Quando ele parece ter desistido principalmente dele próprio.

Difícil é amar quando o outro nos inquieta. Quando os seus medos denunciam os nossos e põem em risco o propósito que muitas vezes alimentamos de não demonstrar fragilidade, vulnerabilidade, invencibilidade, lógica. Quando a exibição das suas dores expõe, de alguma forma, também as nossas, as conhecidas e as anônimas, as antiquíssimas e as recém-nascidas. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. E, ao encontrá-lo, talvez lhe dizer a verdade: “eu sei o quanto você está doendo porque eu já doí também” ou “eu sei o quanto você está doendo porque estou doendo também, agora” e/ou “porque vivo, eu estou à mercê de doer de novo.”

Difícil é amar quando o outro repete o filme incontáveis vezes e a gente não aguenta mais a trilha sonora. Quando caminha pela vida como uma estrela doída que ignora o próprio brilho. Quando se tranca na própria tristeza com o aparente conforto de quem passa um feriadão à beira-mar. Quando sua autoestima chega a um nível tão lastimável que, com sutileza ou não, afasta as pessoas que acreditam nele. Quando parece que nós também estamos incluídos nesse grupo.

Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente. Acredito porque nos momentos mais doídos da minha jornada até aqui eu nunca encontrei nenhum botão mágico, mas tive fé, tive gesto, e, felizmente, tive quem me amasse sem desistir de mim.

A empatia, a memória, a honestidade emocional, são também grandes aliadas do amor.

sexta-feira, 8 de julho de 2011





Não grite sua dor aos quatro ventos, procure ajuda. Não exponha demais suas mazelas, respeite seu luto e o silêncio que vem junto. A vida é cíclica e tudo faz sentido, mesmo que demore muito.E não deixe nunca de confiar no seu poder de superação: é a maior dádiva que a Vida nos deu. A melhor fase ainda virá, acredite. Fale do seu íntimo com as pessoas certas e não banalize sua “esquizofrenia”: ninguém precisa acordar e ir dormir com o mesmo humor. E se achar que está enlouquecendo, experimente a loucura, pode até ser divertido. O tédio do mundo está na falta de cor das pessoas aparentemente “normais”, mas ele também precisa delas para funcionar. Ninguém é tão feliz o tempo todo e a vida não é linear assim: cinismo é diferente de otimismo. Seja alguém de verdade. E se deixe tocar pelas coisas que se comunicam com você lá dentro. Se não encontrar amparo do outro, dê-se. Não queira que sintam pena de você: não sentimos pena de quem admiramos. Reflita, reflita, agasalhe-se de bons pensamentos, funciona em algum momento. E pare de falar mal dos outros: todo réu teve sua oportunidade dada pela “tal vítima”.

Marla de Queiroz
Modo de usar-se

Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for. 

Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco. 

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer. 

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde. 

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas. 
Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto. 

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu. 

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.



Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro.


 Caio F. Abreu

quinta-feira, 7 de julho de 2011