segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Antonio,

fiquei surpresa ao receber sua carta, quase a joguei fora pensando se tratar de um trote qualquer. Ainda continuo desconfiada de tudo.
Fiquei feliz ao saber que estás bem, que refez sua vida, se dedicou mais ao trabalho. Sim! Me fez bem saber de tua felicidade. Não sou tão egoísta como você teimava em dizer, Antonio.
Como havia me perguntado, eu também estou bem. Voltei a escrever como havia te prometido, estou pensando em escrever um livro e aproveitei a chance da casa vazia e adotei um gato. Você estava errado, eles não são adoráveis Antonio, na verdade, são bem malditos. Continuo preferindo os humanos de quatro patas com pêlos por todo o corpo. Sim, Antonio, os cachorros são muito mais doces e fiéis.
Talvez você não tenha aprendido que fidelidade é muito mais do que a torcida organizada desse time ridiculo que você teima em ser fanatico. Mas, concordo com você que os gatos são lindos e livres. E tentei aprender isso com o Tom (o gato que adotei e fugiu) nos dias que ele esteve aqui em casa.
Sabe Antonio, muita coisa mudou por aqui, a cor do meu cabelo, o consumo de café, o tamanho das minhas unhas, o meu peso.
Bem que você me disse que logo as coisas voltariam ao lugar, que era apenas uma questão de tempo e espaço. E as coisas estão bem mais leves e fáceis de lidar. Sua distância não é mais motivo para eu chorar, por exemplo.
O piano daqui de casa voltou para o centro da sala e me dá a tranqüilidade de sua melodia ao final de cada tarde. Eu me lembro do quanto você gostava desse som e de quando eu deslizava meus dedos nessa tecla enquanto você cantarolava me olhando.
Ai Antonio, me lembro tanto de você nesses dias em que se aproxima o verão. Me lembro dos seus olhos de cor de mata virgem e do seu sorriso da cor do sol e meu peito se aquece.
Aprendi sim a viver sem você sim, Antonio. Descobri que tenho amigos, que posso sorrir e dançar com eles. Descobri que meu peito se aquece e meu rosto enrubescê quando bebo vodka.
Agora Antonio, eu passo noites acordada, não mais olhando pela janela esperando seu carro encostar. Eu vou a diversos lugares, conheço muita gente nova. Você acharia engraçado ver a mulher que tenho me feito.Cheia de vida, com desejo de viver todos os dias até o seu ultimo segundo.
Eu voltei a sorrir moço e encontrei na vida o motivo de continuar que antes eu encontrava nos teus abraços.

Espero que esteja mesmo bem!



Com amor,

Regina.

Ps: Texto de Danielle Cano '

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